Governo do Distrito Federal
Maria da Penha ONLINE Governo do Distrito Federal
24/04/24 às 12h01 - Atualizado em 24/04/24 às 12h02

Zequinha de Abreu é homenageado no BNB Musical

 

Flauta, violão de sete cordas, pandeiro e o repertório do flautista e clarinetista nascido no interior de São Paulo, Zequinha de Abreu (1880-1935), autor de “Tico-Tico no Fubá”, hit na voz Carmen Miranda nos anos 40, fazem da segunda apresentação do BNB Musical um evento imperdível.

 

O evento, anote aí, está marcado para 30 de abril, às 19h30, no auditório da Biblioteca Nacional de Brasília, com entrada gratuita. No palco, Maikon Canhola (flauta), Márcio Cavalheira (violão de sete cordas) e Carol Senna (vocal e pandeiro) preparam uma noite de puro deleite com uma amostra do biscoito fino da música regional brasileira.

 

“Será uma oportunidade de levar ao público um pouco da história de um gênio da música mundial!”, adianta Canhola, natural de Santa Catarina. “Tocar música instrumental em espaços como a BNB resgata a essência do chorinho, pois era assim que esse gênero vinha a público quando foi criado, no final do século XIX”, emenda Cavalheira, também conhecido na noite como “Marcinho sete cordas”, nascido em Promissão (SP). Ele explica que, naquele tempo, os instrumentos não possuíam amplificação – “era tudo acústico” –, e o público tinha que ficar silencioso e atento às performances dos músicos.

 

Marcinho e Maikon formaram o duo “7 x 1” após se tornarem amigos nas rodas de choro de Brasília. “O nome vem justamente desse encontro das sete (7) cordas do violão com uma (1) flauta”, explica o flautista. Em 2024, para o projeto “Especial Zequinha de Abreu”, a dupla de músicos convidou a pandeirista e cantora Carol Senna, da cena local, a se juntar ao duo, que virou o “Trio 7 x 1”. “O pandeiro inseriu o timbre percussivo no repertório, valorizando os ritmos explorados nos arranjos de maxixe, chorinho e tango”, diz Carol. O “BNB Musical” é uma iniciativa da maior biblioteca pública da capital para receber “pocket” shows (espetáculos de 50 minutos a uma hora de duração) com artistas consagrados do Distrito Federal e aberto também a estudantes de música.

 

Dois servidores da BNB, equipamento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), Rodrigo Mendes, violonista, e Newton Lima, compositor, assinam a curadoria. Trio Canhola conta que os grupos de choro costumam ter uma formação maior, normalmente um violão sete cordas, que faz os baixo e contrapontos, um violão seis cordas na harmonia, cavaquinho e bandolin – estes podem fazer harmonia e solos. Entre os instrumentos de sopro mais usados estão flauta, sax e clarinetes. Cavalheira ensina que o violão sete cordas teve um processo evolutivo no contexto do chorinho, com a função de preencher as melodias com “baixos cantantes” e contrapontos típicos do saxofone. Conta que, nesse gênero musical, é tradicional que o encordoamento seja misto, com cordas de aço nos bordões e nylon nas agudas. “Isso garante aquele timbre característico do Dino 7 Cordas [chorão carioca, 1918-2006], como se ouve nos discos do Época de Ouro [grupo fundado por Jacob do Bandolim], referência do chorinho”.

 

O trio brindará o público com breves intervenções sobre Zequinha de Abreu, o choro – criado a partir da fusão de ritmos europeus, como a valsa e a polca [ou polka], com ritmos ibero-africanos, como o lundu, de onde também surge o maxixe – e as particularidades das composições executadas pela trupe.

 

O chorinho, vale lembrar, foi reconhecido oficialmente em fevereiro último como Patrimônio Cultural do Brasil, com registo no “Livro das Formas de Expressão” do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “Meu estudo oficial do pandeiro foi por meio do chorinho ao entrar como estudante na Escola de Choro de Brasília em 2018, anota Carol. “Tenho respeito, carinho e muito prazer em reforçar a beleza dessa música em projetos musicais que promovem o gênero”, arremata.