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11/12/21 às 12h13 - Atualizado em 6/10/22 às 12h45

Opinião/ “Ela e Eu” é ode à vida

Texto Lúcio Flávio. Edição: Sérgio Maggio (Ascom/Secec)

11.12.21

12:00:00

 

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Era para ser uma comédia no estilo “screwball”, gênero de filme com situações amalucadas que consagrou astros como Cary Grant, Clark Gable e Marylin Monroe. Mas a atriz Andréa Beltrão leu os primeiros esboços da história do longa, “Ela e Eu”, um dos destaques da 54ª Mostra Competitiva do FBCB, e sugeriu uma abordagem diferente ao cineasta Gustavo Rosa de Moura. Conhecida por papéis cômicos em séries clássicas da televisão como “Armação Ilimitada” e “Tapas & Beijos”, a artista apostou numa guinada de 180 graus, abraçando o drama.

 

O filme pode ser visto gratuitamente na plataforma InnSaei.TV.

 

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A edição 54 – 2021

 

“Ela achou o argumento central legal, mas me propôs que mudasse o tom, que ficasse um pouco diferente e então começamos a trabalhar juntos”, conta o diretor, que assina o roteiro junto com Beltrão e Leonardo Levis.

 

Foto de Sabrina Macedo

Gustavo, o diretor

“O filme ganhou uma camada nova, a gente quis falar sobre essa questão de não conseguirmos controlar a vida do jeito que queremos, das coisas que podem acontecer ao redor e abalar nossas certezas”, explica.

 

Na trama, Bia (Andréa Beltrão) entra em coma após o nascimento da filha. São 20 anos em estado de sonolência profunda ao lado da família e amigos, mas um dia, do nada, ela desperta. E com o fim do torpor, vem um novo mundo de redescobertas, adaptações e aprendizados. Também de superação e situações inesperadas.

 

É hora de refazer relações, reaprender a viver dentro desse novo arranjo de ninho cheio de imposições veladas, compromissos tortos, convivência forçada. “Finalmente estou acordada”, festeja, ela, vencendo uma das batalhas.

 

Finalizado próximo ao surgimento da nefasta Covid-19, o enredo de “Ela e Eu” mergulha o espectador num espiral de emoções, reforçando nossa condição de impotência diante do desconhecido, do imprevisível e evocando reflexões pontuais. Ou seja, que o destino não nos pertence, e o acaso é uma experiência cheia de obstáculos e, claro, surpresas desagradáveis ou não.

 

Dentro desse contexto, talvez seja o filme que mais interage, pelo menos do ponto de vista do conteúdo, com a proposta do tema trazido pelo festival este ano, apresentado pelos curadores, Sílvio Tendler e Tânia Montoro: “O Cinema do Futuro, o Futuro do Cinema”.

 

“De repente a gente termina o filme e… Boom! Estoura uma pandemia e pega todo mundo no contrapé, ficando essa sensação de que, no fundo, a gente não controla as coisas”, observa Gustavo, diretor também de filmes como “Canção da Volta” (2016) e do inédito, “Cora”, dramatização da vida da poetisa goiana, Cora Coralina. “Estou curioso para ver a reação do filme e entender mesmo em mim como ele vai bater com a questão da pandemia. É uma história que faz a gente pensar nesse imponderável”, reflete ansioso.

 

TRAUMAS E CONFLITOS

 

Dos filmes exibidos até agora na Mostra Competitiva, “Ela e Eu” é o que traz o elenco mais conhecido da festa, a maioria rostos que brilharam e continuam a cintilar na televisão e, assim como acontece no projeto experimental, “Acaso”, destaque de ontem na programação do 54º FBCB, privilegia o trabalho de ator.

 

A força das atuações em cena é um ingrediente poderoso na diluição de traumas e conflitos nesse ambiente agora dominado por incertezas e situações de uma vida que não esperamos, mas que temos que aprender a lidar. Daí a intensidade da personagem da atriz Andréia Beltrão encher o público de emoção.

 

 

“Muito interessante falar da precariedade da nossa vida a partir dessa mãe jovem que teve parto difícil e que vive um turbilhão de perguntas que nem sempre são respondidas”, comentou a atriz, em depoimento ao Canal Brasil pouco antes do inicio da sessão do filme.

 

“São personagens tortos diante de suas limitações e experiência traumática, todos, heróis de uma trajetória de vida que não estão acostumados”, emendou a colega Mariana Lima.

 

Não há como se lembrar do drama francês, “O Escafandro e a Borboleta” (2007), cujo personagem central, vivido por Mathieu Amalric, esbarra em dilemas e conflitos parecidos com o da heroína de “Ela e Eu”. Que o desfecho melancólico dessa história encha de luz todos aqueles que vivem hoje à beira de dias de sombra e perdas. Medo e falta de esperança. “Porque o tempo é o resto passa”, diz uma frase do filme.

 

Assessoria de Comunicação da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Ascom/Secec)

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