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19/02/23 às 12h05 - Atualizado em 19/02/23 às 12h54

Com apoio da Cultura, blocos agitam o DF

Texto: Alexandre Freire, Jamile Rodrigues e José Maciel / Edição: Sâmea Andrade (Ascom Secec)

 

Foto de multidão no Setor Comercial Sul

Setor Comercial Sul. Foto: Marina Gadelha

 

“Que saudades do Carnaval, gente!”. O brado de um dos fundadores do Bloco das Divinas Tetas Adolfo Neto, para o mar de foliões que se espalhava diante do palco batizado “Alegria” até a via S2, no Setor Comercial Sul (SCS), era ecoado pelos edifícios de fachadas deterioradas e saudado por milhares de foliões que tiraram do armário fantasias de toda sorte para colorir a festa.

 

O sábado (18.2) no SCS foi o segundo dia de folia do Setor Carnavalesco Sul, uma das plataformas previstas pelo termo de fomento de R$ 1 milhão, executado pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), com previsão de geração de mil empregos diretos, além de 30 postos de trabalho para a população em situação de rua. Ontem a programação de doze horas em três palcos teve início pela manhã, com o bloco Patubatê e fechou com o MamaTa Difícil.

 

O tempo chuvoso do período da manhã foi sucedido por estiagem e calor, em clima que fez suar e esgotar estoques de água, refrigerantes e bebidas de muitos ambulantes, o que pôde ser parcialmente contornado pela abertura parcial de lojas. “É a primeira vez que o comércio fica aberto, e isso é ótimo”, comemorava o responsável pela Organização da Sociedade Civil Instituto Cultural e Social No Setor, Felipe Santana, que defende que o local deva manter suas características de rua.

 

Teve samba, marchinha, hits da Tropicália (com Divinas), teve funk no palco “Força”, onde jovens na faixa dos 20 anos chegavam ao delírio com o hit “Bota na Pipokinha” (sic) e também teve rock ‘n roll na tenda Plataforma da Alegria. Nesta, Lilian Fujita, 44, de Águas Claras, e o namorado Agenor Júnior, 42, do Torto, foram assistir à banda Passo Largo Pop, que tinha como pano de fundo um circuito de skate criado no local para jovens de calças largas e manobras insanas. “A festa este ano está muito melhor que antes da pandemia”, aprovou Lilian.

 

 

O autônomo morador da Asa Norte, Bruno Martins, 31 anos, elogiou a possibilidade de assistir ao show das Divinas Tetas. “É um clássico, tradicional”, sentenciou fantasiado de pirata. “Acho legal o setor, perto da rodoviária, todo mundo consegue chegar. Combinação de qualidade com acesso fácil”, arrematou.

 

“Brasília não tem espaços vocacionados para o Carnaval. Nossa luta é criá-los. Não adianta querer mandar o pessoal para o Eixo Monumental para cima da Torre. Quem consegue chegar lá?”, ponderou outro membro da OSC, Rafael Reis. O mar de gente, claramente das classes B e C, como prevê o projeto “Territórios Carnavalescos”, desfilou como um argumento irrefutável.

 

DIVERSIDADE NO PARQUE

Milhares de foliões ocuparam também o Bloco REBU, concentrado na Praça das Fontes, no Parque da Cidade. 2023 celebra o primeiro ano do fomento do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, para o evento, que ocorre desde 2019. De acordo com as organizadoras, essa foi a única forma de garantir a estrutura necessária para pôr o bloco na rua, como montagem e o pagamento dos profissionais e das artistas. “Eu posso dizer, com toda certeza, que sem o apoio do FAC não seria possível. Ter passado no processo para garantir a verba necessária fez com que essa festa linda pudesse ser realizada”, comenta Loly Alves.

 

Foto de um casal vestido de baralho

Renata e Emílio. Foto: Lázaro Mendes (Secec)

O nome do bloco vem da festa A REBU, que acontece desde 2018 e, atualmente, ocupa os espaços com o ativismo de mulheres LBTs, inclusive mulheres TRANS. Os parceiros Renata Silva e Emílio Silva, ambos paulistas e psicólogos, em Brasília há quatro anos, preparou uma alegoria diferente para cada dia. Na REBU, confeccionaram roupas que se assemelham ao baralho e prometem muitos outros looks até terça-feira. “Optamos por ocupar blocos LGBTQIA+ e acreditamos que o carnaval do DF está em uma construção belíssima, carnavalesca e pela diversidade”, disse Renata.

 

Com fomento de R$ 150 mil do FAC, a REBU garantiu cerca de 40 empregos diretos para a organização completa do bloco e outros empregos informais. O espaço, com seguranças, policiamento, ambulâncias, vendedores ambulantes e tendas foi ocupado por aproximadamente 2 mil pessoas, que ficaram na festa até o som ser desligado, às 22h. O evento contou com a presença de artistas como Kika Ribeiro, Karla Testa e a DJ Ana Ximenes, que abriu a festa com muito funk e axé.

 

FESTA NAS SATÉLITES

 

Criado em 1995, o Mamãe Taguá voltou a alegrar foliões em Taguatinga, dessa vez em um novo local, no Taguapark. O bloco reuniu cerca de duas mil pessoas na tarde deste sábado (18). Segundo Jorge Cimas, um dos organizadores do evento, o grupo busca resgatar a alegria dos carnavais em família, valorizando e difundindo a cultura da festa popular em Brasília. “Estamos há 27 anos na rua, antigamente com o trio na avenida e agora no Taguapark. Sem percorrer as ruas, agora estamos com várias bandas, animando a comunidade”, afirmou Cimas.

 

Com recursos de R$ 150 mil reais do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), o bloco gerou cerca de 250 empregos diretos e indiretos, desde a contratação de seguranças e brigadistas, até a movimentação de ambulantes durante as mais de 6 horas de evento. “No passado tínhamos a contratação direta. Tivemos uma série de conversas com a Secretaria e o FAC, tanto para o Mamãe Taguá, quanto para diversos blocos. Isso significa solidificar o Carnaval do DF”, avaliou Cimas.

 

A professora Kate Sousa prestigiou o bloco com a família, e destacou a importância de poder aproveitar uma festa tão bonita perto de casa. “A melhor coisa do carnaval desse ano foi essa descentralização. Agora não fica só lá no Plano Piloto, mas sim em várias regiões administrativas e todos podem participar”, comenta a foliã. “A estrutura está muito legal e organizada. Com o bloco durante o dia, toda a família pode brincar e dançar. Sempre gostei do Carnaval de Brasília e hoje, pertinho de casa, pude aproveitar ainda mais”, declarou.

 

Em Ceilândia, o Bloco Carnaflow levou diversidade, representatividade e alegria aos jovens presentes na Praça do Cidadão. O bloco, de pequeno porte, também contou com o fomento do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), no valor de R$ 30 mil.

 

“Esse ano foi a primeira vez que o Carnaflow foi realizado com apoio do FAC e da Secretaria de Cultura, o que viabilizou uma estrutura que não tínhamos conseguido até então. E para além da questão financeira, é muito importante esse reconhecimento do estado. Esperamos que iniciativas como o Carnaflow sejam apoiadas pela política pública cultural do DF”, afirmou Natália Botelho, uma das organizadoras do evento.

 

O bloco foi criado pelo Projeto Jovem de Expressão, instituto que promove ações educacionais e culturais, incentivando o protagonismo de jovens e a ocupação de espaços públicos. “Quando vimos a efervescência do Carnaval de Brasília nos últimos anos, sentimos falta de iniciativas que fossem na nossa própria comunidade, porque muitas vezes íamos em um bloco no Plano Piloto ou em outras Regiões Administrativas e não conseguíamos voltar para casa tarde, pela distância”, recorda Natália. “Então pensamos o Carnaflow como uma alternativa aos blocos que ficam no centro da cidade, para que a juventude de Ceilândia, Taguatinga e Samambaia pudesse acessar essa festa em um sábado de carnaval”, ponderou a produtora.

 

A atriz Taína Barbosa, moradora de Ceilândia, salientou a alegria de poder voltar ao Carnaflow depois do período de pandemia. “Para mim, o Jovem de Expressão tem um lugar afetivo, justamente por ser um lugar que descentraliza a educação e a cultura. Não é só no Plano Piloto que as coisas acontecem, e depois da pandemia temos que viver e aproveitar o momento”, opinou Taína.

 

A festa, de acordo com a organização, promoveu cerca de 50 postos de trabalho diretos e indiretos, muitos deles compostos por ex-alunos do próprio instituto, como DJs, cenógrafos, produtores e artistas plásticos.

 

Assessoria de Comunicação da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Ascom/Secec)

E-mail: comunicacao@cultura.df.gov.br