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Mostra comemora 62 anos do Cine Brasília
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Texto: Lúcio Flávio. Edição: Guilherme Lobão
20.04.22
15:23:00
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“Sorria, Brasília” brinda 62 anos da capital
Esses e outros episódios marcantes da história da casa do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e um dos espaços culturais mais emblemáticos do país nortearam a curadoria da mostra Maratona de Filmes. O evento acontece dentro do projeto Sorria, Brasília, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF (Secec), embalando a programação de aniversário da capital e em homenagem aos 62 anos Cine Brasília, nesta sexta-feira (22), exibidos em sessões gratuitas, a partir das 10h.
“Fazer uma mostra em homenagem ao Cine Brasília renderia vários recortes, resolvemos olhar pelo lado histórico”, explica Carmem Moretzsohn, que assina a curadoria com a jornalista e produtora cultural Gioconda Caputo. “Escolhemos filmes que foram relevantes na história do Cine Brasília ou momentos marcantes vividos lá com esses filmes”, conta.
E foi o que aconteceu com a consagração de Bicho de Sete Cabeças, vencedor nas categorias de melhor filme, direção, fotografia, ator coadjuvante (para Genro Camilo) e ator, para… Rodrigo Santoro. “Essa sessão foi simbólica e inesquecível, marcou o nascimento do filme e de um ator, que ia além de um rosto bonito e que o público é capaz de mudar de opinião depois de assistir a um filme, coisa rara hoje em dia”, continua Laís. “Minha história com esse espaço é de carinho. É preciso celebrar um cinema vivo durante todo esse período, não só pelos filmes exibidos, mas pela plateia vibrante que muda a cada geração”, constata.
“Brasília e o Cine Brasília são duas coisas muito singulares, sendo que esse último transcende o fato de ser cinema por fazer parte da essência do plano original imaginado por Lucio Costa”, analisa Sérgio Moriconi.
Outro destaque marcante na programação nesse dia de festa é o clássico A Canoa Furou, comédia de 1959 estrelada pelo comediante Jerry Lewis. Este foi primeiro filme exibido no Cine Brasília, em sessão que contou com a presença de um atrasado Juscelino Kubistchek. “É um fato incrivelmente relevante você imaginar um presidente inaugurar um cinema. Provavelmente, não tem nenhum precedente na história”, comenta o jornalista, pesquisador, cineasta e ex-programador do cinema, Sérgio Moriconi.
HISTÓRIAS AFETIVAS
Vencedor da edição do Festival de Brasília de 1994, o filme Louco por Cinema, do baiano radicado na capital André Luiz Oliveira, também é destaque da mostra. A produção entrou para a história do Cine Brasília por ser o primeiro longa-metragem realizado em Brasília a abiscoitar os prêmios máximos da competição. Para o cineasta, representou um ponto de redirecionamento em sua carreira, após quase 20 anos sem filmar. “Foi um feliz encontro comigo mesmo, com esse cara que ainda tinha tanta coisa para fazer”, reavalia.
“Louco por Cinema é importante também porque nunca houve uma produção local com tantos atores e equipe da cidade trabalhando. E a gente quis valorizar isso”, destaca a curadora Carmem Moretzsohn.
Veterano do cinema da cidade, que viveu uma relação passional com o Cine Brasília, onde teve filme interditado pela censura nos anos 70, o mestre Vladimir Carvalho participa da maratona com o pungente documentário Barra 68 – Sem Perder a Ternura. Premiado na mostra paralela do Festival de Brasília em 2000, o filme resgata as agressões sofridas pelos estudantes e professores da Universidade de Brasília nos anos 60, sob o jugo da ditadura.
O cineasta paraibano lembra com emoção da exibição do seu filme na abertura do Festival de Brasília, em depoimento ao livro Candango – Memórias do Festival Vol. 1, de Lino Meireles: “Uma lembrança das mais felizes: com aquele imenso close da cabeça de Darcy Ribeiro (…) aplaudido calorosamente”.
Abordando temas pertinentes como a questão indígena, o meio ambiente e a sustentabilidade, Taína – A Origem, de Rosane Svartman, guarda uma relação afetiva com o espaço por ser exibido para a turma de escola da rede pública do DF.
Falecido no último mês de fevereiro, o cineasta Arnaldo Jabor também é lembrado em sua relação com o Cine Brasília, que exibirá na maratona um de seus maiores sucessos: a comédia dramática Tudo Bem, vencedor do Festival de Brasília de 1978. Na trama, protagonizada pela dupla Fernanda Montenegro e Paulo Gracindo, Jabor traz um olhar crítico e mordaz sobre o país a partir do dia a dia de tradicional família de classe média brasileira.
“Escolhemos simplesmente o filme que ele considerava o melhor de sua carreira, na lista dos 100 filmes brasileiros de todos os tempos”, revela Carmem Moretzsohn. “Com muita sutileza, o Jabor fala sobre desigualdade social, a eterna luta de classes, o decantar, entre aspas, da cordialidade brasileira, além, claro, de contar com atuações maravilhosas”, resume a curadora.
MARATONA DE FILMES
Cine Brasília (106/107 Sul), a partir das 10h
Entrada franca.
PROGRAMAÇÃO
10H00 – TAINÁ – A ORIGEM, Brasil, 2013, 80min, Livre
Direção: Rosane Svartman
Com: Wiranu Tembe, Beatriz Noskoski, Igor Ozzy, Anderson Bruno, Gracindo Júnior, Nuno Leal Maia, Guilherme Berenguer, Mayara Bentes
12H00 – A CANOA FUROU (Don’t give up the ship), EUA, 1959, 89min, Livre
Direção: Norman Taurog
Com: Jerry Lewis, Dina Merrill, Mickey Shaughnessy
14H00 – LOUCO POR CINEMA, Brasil, 1996, 100min, 12 anos
Direção: André Luiz Oliveira
Com: Nuno Leal Maia, Denise Bandeira, Roberto Bomfim, Jairo Mattos, Guará Rodrigues, Eduardo Conde, Noemi Marinho, Jesus Pingo, Emerval Crespi, Dimer Monteiro, Bidô Galvão, Guilherme Reis, Renato Matos, Chico Sant’Anna, Miquéias Paz, B. de Paiva, Gê Martu, Andrade Jr, Alfredo Libório, Humberto Pedrancini, Graça Veloso, Jorge Du Pan, Francisco Lindolfo, Neio Lúcio, Rogero Torquato, Paulo Tovar, Kojak, Alfredo Libório, Leal Carvalho, Guilherme Coelho, Getúlio Cruz, Wilson Domingues
16H00 – BARRA 68 – SEM PERDER A TERNURA, Brasil, 2001, 82min, Livre
Direção: Vladimir Carvalho
Narração: Othon Bastos
18H00 – BICHO DE SETE CABEÇAS, Brasil, 2000, 90min, 14 anos
Direção: Laís Bodanzky
Com: Rodrigo Santoro, Othon Bastos, Cássia Kiss, Gero Camilo e Caco Ciocler
20H00 – TUDO BEM, Brasil, 1978, 120min, 14 anos
Direção: Arnaldo Jabor
Com: Fernanda Montenegro, Paulo Gracindo, Maria Sílvia, Regina Casé, Luiz Fernando Guimarães, Zezé Motta, Stenio Garcia, Paulo César Pereio, José Dumont e Fernando Torres
Assessoria de Comunicação da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Ascom/Secec)
E-mail: comunicacao@cultura.df.gov.br