18/09/2025 às 19h02 - Atualizado em 18/09/2025 às 19h29

Festival do Cinema leva cultura para além do centro: a descentralização que aproxima jovens de Planaltina, Gama e Ceilândia

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Texto: André Barreto

Com sessões gratuitas e diálogo real, iniciativa ultrapassa muros do Cine Brasília e registra participação crescente nas regiões administrativas

O 58º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro está cumprindo seu propósito de forma cada vez mais concreta: descentralizar o acesso à cultura cinematográfica levando exibições, oficinas e debates a localidades periféricas. Nesta edição, além do Cine Brasília, o evento acontece em Planaltina, Gama e Ceilândia - e os números dos participantes comprovam que há demanda e entusiasmo onde antes havia silêncio.

Públicos conectados, lugares esquecidos

Durante uma sessão em Planaltina, uma adolescente afirmou: “Quando a gente vê gente contando histórias que é parecida com a nossa, que a gente conhece ou sabe como é, dá vontade de ser parte”. Essa frase resume o efeito do festival: permitir que crianças e adolescentes não sejam meros espectadores, mas se reconheçam nas telas, dialoguem com o conteúdo e sintam-se pertencentes ao universo cultural. Outra fala marcante foi: “Agora eu não vou só ver o que já está pronto. Posso criar também”, sinal de que a arte cinematográfica desperta iniciativa, imaginação e iniciativa criativa.

Do Cine Brasília para as regiões administrativas: descentralização em prática

Com grande parte das exibições no Cine Brasília, o festival está rompendo barreiras geográficas. As sessões itinerantes em Planaltina, Gama e Ceilândia levam filmes a locais onde o público jovem raramente encontra programação cultural diversificada. Essa descentralização aproxima o cinema da comunidade, reduz distâncias físicas e simbólicas, contemplando realidades culturais distintas dentro do mesmo Distrito Federal.

Impactos e perspectivas

A descentralização do Festival de Cinema no Distrito Federal tem impacto direto na formação de novos públicos e na democratização do acesso à cultura. Ao chegar a cidades como Planaltina, Gama e Ceilândia, o evento rompe barreiras históricas e promove pertencimento, permitindo que crianças e adolescentes se vejam representados nas telas e percebam a possibilidade de também se tornarem protagonistas do universo audiovisual.

A experiência aponta ainda perspectivas de longo prazo: consolidação do modelo itinerante como política cultural estruturante, fortalecimento de vocações locais e redução das desigualdades no acesso à arte. Os números crescentes em Planaltina comprovam que, quando há oferta de qualidade e proximidade, a adesão é imediata, reforçando a necessidade de expandir e aperfeiçoar a estratégia nas demais regiões.

Para a secretária adjunta de Cultura e Economia Criativa, Patrícia Paraguassu, “a comunidade vem aderindo cada dia mais e nós fizemos uma campanha muito forte de mobilização junto às escolas. Trazer o cinema para as RAs é fundamental”. A dirigente destaca que levar o cinema para além do centro não é gesto caridoso: é reparador, é educativo, é forma de cidadania. “O Festival do DF está mostrando que cultura pública de qualidade se faz com presença - física, simbólica - nas cidades do Distrito Federal. Que esses dados de participação ascendentes em Planaltina sirvam de espelho: quando se quer, quando se inclui, quando se acessa, o espaço cultural deixa de ser privilégio e passa a ser direito”, ressaltou.