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23/07/21 às 14h21 - Atualizado em 6/10/22 às 13h01

Projeto do FAC reúne violas do DF

Texto: Úrsula Rodrigues. Edição: Sérgio Maggio (Ascom Secec)

23/07/2021

14:01:22

 

Há um sentimento intenso que une o tocador e a viola. Essa paixão move o projeto Viola Central – Ponteios Regionais, que ainda narra a origem e o destino do instrumento e os desafios enfrentados no aprendizado e no treino. São dois documentários (“A Viola e o Tempo” e “Viola Mística”), que foram gravados em estúdio, e que chegam ao público, com acesso gratuito, nesta sexta (23.7) e no sábado (24.7), às 19h, no Canal Câmara Clara (YouTube – clique aqui), com chat aberto para participação.

 

Coordenado por Domingos de Salvi, Daniel Choma, Tati Costa e Sara de Melo, o projeto tem fomento do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), no valor de R$ 80 mil, com a geração de oito empregos diretos e indiretos. Com cerca de 30 minutos de duração, os documentários contam, ainda, com intérprete de libras e legenda.

 

Foto: Daniel Choma

 

“Brasília é um lugar muito rico culturalmente, e no universo da viola caipira, ou viola brasileira, não é diferente. Nós temos desde a viola tradicional em Planaltina à viola repentista nordestina em Ceilândia, bem como a viola mais urbana, no Plano Piloto. A partir disso resolvemos propor um mapeamento de toda essa riqueza.”, explica Domingos de Salvi, pesquisador e diretor musical do Instituto Câmara Clara.

 

O objetivo é reunir a história da viola no Distrito Federal e apresentar violeiros das distintas Regiões Administrativas (RAs). Os curtas também circularão em DVD, cujos exemplares serão distribuídos gratuitamente a redes de TV a cabo, canais de televisão públicos, universitários e educativos.

 

Realizado entre os anos de 2019 e 2021, o projeto Viola Central – Ponteios Regionais fortalece o reconhecimento social da viola como patrimônio cultural nacional. Assim, a narrativa convida violeiros a mostrarem como é apaixonada e diversas a relação entre tocador e instrumento. Participam Chico Nogueira, Claudivan Santiago, Domingos de Salvi, Fábio Pozzebom, Juca Violeiro, Macedo e Mariano, Mariana Mesquita, Reinaldo Cordeiro, Sousa Coelho, Tião Violeiro, Wellington Abreu e Wellington Assis .

 

GERAÇÕES CANDANGAS

 

Foto: Daniel ChomaNascido em Brasília e criado em fazendas de Goiás, Fábio Pozzebom (foto) ouvia, , durante a infância,  música caipira com seu avô, Francisco Alves, o Chico Viola. Ganhou um violão do tio e, em 1994, começou a cantar em festas familiares e em pequenos festivais. Em 2005, começou uma dupla sertaneja com Cleyton Mendes, chamada Charles e Cleyton. Na ocasião, adotou o nome Charles, o nome do meio. Juntos, lançaram o disco “Papel Amassado”.

 

“A viola tem essa particularidade, de ser familiar, de ser de casa. Apesar de que, para você ser sertanejo ou caipira, basta se senti do Sertão. A música caipira está no DNA de quem viveu no interior. Como a viola é um instrumento presente no nosso país desde o descobrimento, acredito que a música caipira está no inconsciente coletivo do nosso povo.”, relata Pozzebom.

 

Enquanto compunha a dupla, Fábio profissionalizou-se como músico com o mestre Roberto Correa, da Escola de Música de Brasília (EMB). Atualmente, Pozzebom também atua como fotojornalista, mas nunca deixou de tocar os clássicos caipiras e canções de sua própria autoria.

 

Foto: Daniel Choma

 

O entrevistado mais experiente que compõe os documentários do projeto é o Tião Violeiro (foto), que, aos 79 anos, toca moda em eventos e festas. Com a mulher, fez dupla durante muito tempo, Tião Violeiro e Anita participaram diversas vezes do programa televisivo “Brasil Caipira”, comandado por Luiz Rocha.

 

Natural de Patos, cidade mineira, Tião aprendeu o instrumento sozinho, ouvindo as tradicionais músicas caipiras e tentando reproduzi-las em seus instrumentos. Morador de Brasília desde os 22 anos de idade, trabalhou como mestre de obras até a aposentadoria. Em casa, ensinou a viola para dois de seus netos.

 

“Comecei por volta dos meus 10 anos, tocando em Folia de Reis. Em casa, tínhamos instrumentos,  violão, acordeon. Mas eu era mais chegado aos de corda. Comecei mesmo em um cavaquinho. Tomei gosto, e, aos 13 anos, comecei a tocar viola. Desde então, não parei mais. Toquei e cantei em duplas com meus irmãos e primos.”, conta Tião Violeiro.

 

O violeiro acredita que a viola nunca esteve tão em alta. Como foi professor de viola, ensinou muitas pessoas e se orgulha de seu ofício e de suas apresentações. “A minha mente é muito boa, eu cantava 50 modas de cabeça, fazia e faço até hoje.”, concluiu.

 

CRIADOR DE VIOLAS

 

Cordas, tarraxas, osso, captadores elétricos e madeira são os materiais básicos utilizados por um luthier, profissional especializado em construção e manutenção de instrumentos de corda com caixa de ressonância. Pau ferro, cedro, mogno e Jacarandá da Bahia são as melhores espécies de madeira para o serviço artesanal. É importante, sobretudo, que as ripas tenham pelo menos 10 anos de cortada, e que estejam sem trincas ou rachaduras.

 

Foto: Daniel ChomaRegivaldo de Sousa Coelho (foto), luthier há quatro anos e residente de Arniqueira, relata ter clientes de todos os segmentos da viola, dos mais tradicionais aos instrumentais modernos. Especialista em violas, Regivaldo dedica seu tempo também ao tocar do instrumento. Ele enxerga uma crescente no interesse dos jovens pela arte caipira.

 

“Todo instrumento bem tocado é bonito, mas eu acho que a viola tem um quê que atrai quando se ouve pela primeira vez. E está ganhando uma outra dimensão no cenário cultural. Hoje, vejo muitas crianças que são violeiras e tocam vários estilos de música.”, diz Regivaldo, um dos entrevistados do curta metragem.

 

 

 

 

Programação

 

A Viola e o Tempo

Estreia em 23 de julho de 2021, às 19h.

 

 

Viola Mística

Estreia em 24 de julho de 2021, às 19h.

 

 

Para mais informações:

site Câmara Clara

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Assessoria de Comunicação da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Ascom/Secec)

E-mail: comunicacao@cultura.df.gov.br