Concerto de 20 de junho é cancelado em razão do desfile das escolas de samba; o de 27, mantido com alteração de local
Texto: Alexandre Freire / Edição: Lúcio Flávio
A Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro (OSTNCS), equipamento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), caprichou na diversidade de conteúdos em junho. “Teremos obras-primas da música clássica, com Mahler e Strauss, estreias em Brasília de compositoras mulheres, Grazyna Bacewicz [1909-1969] e Alice Ho [1999], solo de trombone, piano a quatro mãos, voz e violino e uma maestra conduzindo concerto e música de câmara”, anuncia o regente Cláudio Cohen. [ATUALIZAÇÃO: a apresentação do dia 20 foi cancelada em razão do desfile das escolas de samba no final de semana, de 23 a 25 de junho; a do dia 27 está mantida, com alteração de local, veja na programação].
Serão quatro concertos no horário de 20h e um de música de câmara no domingo (11/6). A entrada nos concertos é gratuita, por ordem de chegada e sujeita à lotação. As apresentações são no Teatro Plínio Marcos, no Eixo Cultural Ibero-Americano (antiga Funarte). O primeiro concerto de junho retoma peças clássicas de autores conhecidos do público da orquestra e recebe a soprano francesa Laetitia Grimaldi, que já se apresentou em Brasília. “É uma excelente cantora”, comenta Cohen, que a dirigiu como solista no clássico, Summertime, da ópera Porgy and Bess, de George Gershwin (1898-1937) no “Iate in Concert” em 2021.
Concerto de Câmara
No dia 11, um domingo, haverá a apresentação do recém-formado Liberarte Trio, composto por dois integrantes da Sinfônica, Renata Menezes, na clarineta, e Francisco Orru, no violoncelo, e uma convidada, a pianista russa Anastasiya Evsina. “É a segunda apresentação da série ‘Concertos de Câmara da OSTNCS’, uma tradição que estamos querendo criar”, explica Cohen.
No repertório estão o compositor e pianista argentino Carlos Guastavino (1912-2000), considerado um dos maiores do século 20, batizado de “Schubert dos Pampas”, pelo seu estilo conservador, tonal e romântico, e os pianistas Chopin (1810-1849) e Schumann (1810-1856). O “coração do programa”, na expressão de Evsina, é o “Trio Op. 114 para Clarinete, Violoncelo e Piano”, de Johannes Brahms (1833-1897). “Essa é uma das últimas obras do compositor, muito intensa, profunda e lírica ao mesmo tempo, começando com uma voz solitária e melancólica de violoncelo e evoluindo para quatro movimentos até um final épico”, descreve a pianista radicada no Brasil.
O Liberarte Trio, cujo nome é inspirado em texto de heterônimo do poeta Fernando Pessoa, formou-se este ano, mas o projeto vem desde 2017. “Renata é amiga do Francisco e colega dele na orquestra. Ela que teve a ideia de tocarmos juntas, foi a iniciadora de nossa colaboração”, revela a pianista, cuja residência um tempo fora do Brasil adiou o início das apresentações.
Sobre a obra de Brahms que vão apresentar, Menezes conta que, no início da década de 1890, o compositor alemão estava decidido a parar de escrever. Ele mudou de ideia quando assistiu a um concerto do clarinetista conterrâneo Richard Mühlfeld (1856-1907) e, influenciado pela performance, compôs então quatro músicas para o instrumento, uma das quais o trio vai apresentar em Brasília. “Foi uma sorte para nós, clarinetistas, que Brahms tenha conhecido Richard. Do contrário não teríamos essas obras-primas”, divaga a integrante do Liberarte.
No concerto do dia 13 é a vez do público ter contato com o trabalho do solista estadunidense Darrin C. Milling no trombone baixo durante o 2º movimento para o instrumento e orquestra de câmara com cordas, harpa e tímpano na peça de Trent Johnson The Tie That Binds. Neste concerto serão apresentadas também peças dos compositores norte-americanos Patrick McCarty (1928-2015) e Ian Deterling (1990). Milling já solou à frente de várias orquestras sinfônicas profissionais e bandas no Brasil e no exterior.
O concerto seguinte introduz o trabalho da violinista e compositora polonesa Grazyna Bacewicz (1909-1969) e tem a condução da mineira de Uberaba Mariana Menezes, reconhecida como uma das mais jovens maestras em destaque no atual cenário musical brasileiro, atuando no pódio de grandes orquestras, como a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP) e a Orquestra do Theatro Municipal de São Paulo, entre outras.
“Será um concerto muito especial porque começa com uma obra de Mozart, com solos de violinista da orquestra. Depois temos também a abertura de uma compositora que viveu no século passado. Essa obra tem uma energia maravilhosa. Por fim, faremos uma sinfonia de Brahms, este compositor romântico tão famoso por suas melodias e sua escrita”, convida a regente. Na atual temporada de 2023, Menezes estará à frente de filarmônicas como a Orquestra Filarmônica de Goiás, Orquestra Sinfônica do Paraná e Orquestra Sinfônica do Theatro São Pedro.
Três florestas
Junho terá como fecho um concerto em que as composições fazem referência a florestas no Canadá, China e Brasil, com um solo de piano a quatro mãos. O regente dessa apresentação, o maestro André Muniz, diz que Through the Forest of Songs, “talvez seja um dos concertos mais multiétnicos”.
A compositora Alice Ho (1970) é canadense e traz essa multiculturalidade para o seu trabalho. André Muniz é pernambucano, professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Muniz explica que o concerto monta uma alegoria que justapõe o bioma canadense, cuja aridez congelada é plena de vida, as florestas de bambu chinesas, que evocam lendas, e a mata amazônica, “esse coração do mundo que tem sido tão atacado e que precisamos preservar”.
Do lado brasileiro, a elegia à Amazônia convoca Villa-Lobos. Muniz contextualiza: “nosso ‘índio de casaca’, como era chamado, produz uma sonoridade que muitas vezes vai remeter a elementos naturais, como a noite, sonoridades indígenas, uma peça eminentemente brasileira”.
O solista Durval Cesetti, que divide com Nan Qi, canadense e brasileira, com ascendência chinesa, o solo no teclado a quatro mãos, concorda com o maestro Muniz. “É uma obra não apenas de grande beleza, mas também muito significativa, pelo seu aspecto multicultural e sua defesa do meio ambiente”. Brasiliense, o pianista diz que esse concerto é muito especial para ele, que não toca na capital desde antes da pandemia.
Programação
6/6
Richard Strauss, “As quatro últimas canções”
Gustav Mahler, “Sinfonia nº 4”
Solista Laetitia Grimaldi (Soprano)
Maestro Claudio Cohen
Teatro Plínio Marcos, 20h
11/6
Concerto de Câmara da OSTNCS
Liberarte Trio
Renata Menezes, clarineta; Francisco Orru, violoncelo; Anastasiya Evsina, piano
Guastavino, Carlos, “Las Presencias, Rosita Iglesias para clarineta e piano”
Chopin, Frédéric, “Balada nº 4 op. 52 para piano”
Schumann, Robert, “Fantasiestücke, op. 73 para violoncelo e piano”
Brahms, Johannes, “Klarinetten Trio”
Teatro Plinio Marcos
11 hs
13/6
Smetana, “Abertura da Opera a Noiva Vendida”
Ian Deterling, “The Golden Retriever Concert”, 1º movimento para trombone baixo e orquestra de cordas
Patrick McCarty, “Sonata”, 2º movimento para trombone baixo e orquestra de cordas
Trent Johnson, “The Tie That Binds”, 2º movimento para trombone baixo e orquestra de câmara (cordas, harpa e tímpano)
Solista Darrin Miling (Trombone baixo)
Teatro Plinio Marcos
20 hs
20/6 (CANCELADO)
Grazyna Bacewicz – Abertura
Mozart, “Concerto para Violino e Orquestra nº 5 em Lá Maior, K.219”
Solista Carlos Eduardo Santos – violino
Brahms, “Sinfonia nº 2”
Regente – Mariana Menezes
Teatro Plinio Marcos
20 hs
27/6 (CONFIRMADO EM OUTRO AUDITÓRIO)
Villa-Lobos, “Choro nº 6”
Alice Ho, “Through the Forest of Songs”
Para piano a quatro mãos
Solistas Durval Cesetti & Nan Qi
Maestro André Muniz
Teatro Poupex (Setor Militar Urbano), capacidade de 649 lugares. Entrada por ordem de chegada até limite da lotação.
20 hs
Assessoria de Comunicação da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Ascom/Secec)
E-mail: comunicacao@cultura.df.gov.br