Texto e edição: Ascom Secec
07/07/2022
15:01:00
Duas mulheres artistas de gerações e linguagens próprias ocupam o Museu Nacional da República a partir desta sexta-feira (8.7), com exposições inéditas que investigam sentimentos e emoções. Holandesa residente na Chapada dos Veadeiros, Janet Vollebregt exibe 30 obras em “Esférica”, enquanto a brasiliense Azul Rodrigues exibe “120 córneas e meridianos imaginários”, tornando-se, assim, uma das mais jovens criadoras a expor no espaço cultural, gestado pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF (Secec).
Os trabalhos trazem relevantes ineditismos em suas propostas individuais, cercadas por uma forte sensibilidade e pesquisas complexas. “Receber o trabalho de Janet Vollebregt nesse momento de retomada do convívio social é uma oportunidade de refletir sobre a sensibilidade, a atenção, o acolhimento e o cuidado. Pelo olhar de Janet, o Museu oferece um espaço para se pensar a cura e nutrir nossa esperança por tempos melhores”, adianta Sara Seilert, gerente do Museu da República.
“Vamos receber também o trabalho de Azul Rodrigues, cuja exposição é um incentivo à produção local, para a gente se abrir para uma artista em começo de trajetória. É o Museu da República abrindo espaço para uma produção ultracontemporânea”, explica.
MUSEU COMO CORPO VIVO
Em um conjunto de mais de 30 trabalhos, que inclui esculturas, pinturas e instalações interativas, Janet Vollebregt convida o público a refletir sobre autoconhecimento e autocura por meio de experiências energéticas. “Para mim, a arte é uma ferramenta para comunicar o invisível. A energia é um componente tão importante do nosso ser e, nesse mundo em que usamos tanto a mente, nós nos esquecemos dela. Essa é minha paixão: comunicar o invisível para as pessoas se reconectarem com isso”, explica a artista.
Com esse propósito, “Esférica” combina materiais diversos, como cristais e metais, em obras que refletem sua pesquisa sobre as propriedades energéticas do ambiente construído e sua influência nas pessoas e no planeta. Nesse trabalho, Janet desenvolve pontes de equilíbrio, revitalização e cura, integrando sua arte à arquitetura modernista e ao próprio público, por meio de uma transformação do MUN em um espaço vivo e acolhedor.
Nascida em Leiden, na Holanda, a artista se radicou no Brasil ainda em 2006 e encontrou, na Chapada dos Veadeiros (GO), os materiais e o ambiente perfeitos para sua pesquisa, que reúne os conhecimentos técnicos e a experiência com arquitetura aos estudos sobre campos energéticos e processos de cura, usualmente ligados à medicina alternativa oriental, como no Feng Shui e no Jin Shin Jyutsu. Assim, nesta exposição, que tem curadoria da Kura (empresa de consultoria artística de São Paulo), ela apresenta experiências como a série Totens, um conjunto de esculturas em metal escovado que simbolizam diferentes captadores de energia correspondentes aos sete chakras do corpo, e a instalação Seja Consciente, onde o espectador se insere em um ambiente formado por quartzos rosa e plantas naturais, vivenciando um processo que atua diretamente nas emoções.
Também se destacam as duas instalações na área externa do Museu da República: o Portal Sintonia e o Grande Piercing. Enquanto a primeira produz uma vibração em 258Hz, a frequência ideal para acalmar e equilibrar, a segunda funciona como uma joia que embeleza a passarela de concreto projetada por Oscar Niemeyer e atua como um talismã de proteção e honra ao espaço museológico.
ROSTOS E EMOÇÕES
Com 23 anos de idade, Azul Rodrigues tem sua investigação artística essencialmente voltada para a representação do corpo humano, fugindo do pictórico anatômico convencional e revelando nuances mais sensíveis, ao retratar sentimentos que, usualmente, escapam aos olhos. Em “120 córneas e meridianos imaginários”, ela reúne 60 desenhos e vídeo-performances inéditos, onde expande sua experimentação em representações de rostos, a partir de estudos de observação e exercícios de autorretrato.
Na exposição, que é a primeira individual de seus trabalhos, ela anseia pelo momento de diálogo com o público e com o próprio espaço do Museu. “Meu desenho é muito coletivo, então essa experiência dá uma expansão da coletividade que eu almejo, porque é importante para mim a visita das pessoas e o olhar dos outros sobre o meu trabalho”, afirma Azul.
“O Museu da República tem uma importância na minha vida, para além da exposição, porque ele serviu como um pilar, um guia na minha educação artística e na minha cidadania enquanto brasiliense. E agora posso experienciar esse carinho em outra esfera, que é o Museu me dando essa primeira oportunidade, me maternando, servindo de berço e acho isso incrível.”
Em “120 córneas e meridianos imaginários”, a artista destaca as emoções retratadas em expressões faciais cheias de nuances e peculiaridades, atravessadas pelo tempo e o contexto, e onde o traço e o uso das cores garantem uma liberdade processual orgânica e intuitiva. Ou, nas palavras do artista plástico Wagner Baja, que assina o texto crítico da exposição, “Azul cria um ponto cego para experimentar o conceito de ‘desver’ o seu processo criativo”.
Serviço:
Exposição “Esférica”, de Janet Vollebregt
Exposição “120 córneas e meridianos imaginários”, de Azul Rodrigues
Museu Nacional da República (Setor Cultural Sul), Brasília/DF
De 8 de julho a 28 de agosto de 2022
Visitação: terça-feira a domingo, das 9h às 18h30
Entrada gratuita
Assessoria de Comunicação da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Ascom/Secec)
E-mail: comunicacao@cultura.df.gov.br