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16/03/22 às 16h38 - Atualizado em 6/10/22 às 12h40

MAB exibe o design de Sergio Rodrigues

Texto: Sérgio Maggio. Edição: Sâmea Andrade

16.03.22

17:00:00

 

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Erguidas sob a ótica modernista, as edificações monumentais de Brasília trazem em si inquietações, inovações e ousadias no diálogo entre arte e arquitetura. Da fachada ao interior, esse caminho tornou-se singular a ponto de instigar o tipo de mobiliário que se utilizaria nos salões e gabinetes dos palácios e repartições públicas. É na ocupação desse amplo espaço vazio que surgiu o nome de Sergio Rodrigues (1927 – 2014), arquiteto que desenhou peças únicas para a criação da nova capital.

 

Uma parte desse acervo está em cartaz no Museu de Arte de Brasília (MAB), na exposição “Sergio Rodrigues e o Mobiliário Moderno da Universidade de Brasília”, por tempo indeterminado, com patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC). São quatro peças desenhadas e confeccionadas para inauguração da UnB, projeto afetivo ao criador, que virou a madrugada para montar as poltronas do auditório, para a inauguração em 21 de abril de 1962. Na sexta (18.3), o livro homônimo da exposição será lançado, às 17h, e distribuído gratuitamente.

 

“Somente uma poltrona não ficou pronta a tempo, mas Sergio tratou de ficar em pé escondendo o lugar vazio”, relembra o idealizador e curador da exposição, o arquiteto e urbanista José Airton Costa Junior.

 

Sergio Rodrigues tornou-se reconhecido internacionalmente em 1961 ao ganhar o primeiro prêmio no Concorso Internazionale del Mobile, em Cantu, na Itália, com a famosa Poltrona Mole.

 

 

“Você não sabe o que é Brasília, Brasília se faz tudo na hora”, comentou Rodrigues à época.

 

OBRAS-PRIMAS

 

 

As peças em exposição no MAB são as poltronas Lia e Kiko e as cadeiras Lúcio Costa e UnB.

 

Em comum, os materiais utilizados são de madeiras brasileiras, couros e palhas naturais, num design que buscava inovações dos meios de produção, ao progresso tecnológico e à descoberta e utilização de novos materiais.

 

“E foi principalmente essa busca por inovação a característica principal da geração de arquitetos a que Sergio pertenceu”, acrescenta o curador.

 

José Airton destaca que, do ponto de vista conceitual, os móveis que Sergio Rodrigues desenhou para Brasília atenderam completamente ao que foi exigido à época. Não poderiam ser móveis com características clássicas, rebuscados e cheios de ornamentos.

 

“Embora as primeiras peças de Sergio tivessem como características formas mais leves e delicadas, foi a robustez de algumas de suas criações que acabou por tornar sua obra reconhecida internacionalmente como representativa de brasilidade. Mesmo essa característica de robustez se adequou perfeitamente aos novos espaços brancos e vazios de Brasília – basta citar os imensos e pesados bancos Eleh, em madeira jacarandá, que ainda hoje compõem o terraço do Palácio Itamaraty”, destaca.

 

CIDADE-ACERVO

Brasília é o território representativo do acervo de Sergio Rodrigues. Além do  quantitativo, a construção da cidade o fez redimensionar a escala de criação e fabricação e, consequentemente, acelerar o ritmo de seu trabalho. Ele saiu de uma produção artesanal para uma industrial de móveis em larga escala.

 

Arquivo Pessoal

José Airton

“Os anos de 1960 eram marcados por poucos recursos tecnológicos direcionados ao design, e foi esse momento que o fez partir para experimentações como a utilização do metal, principalmente o aço cromado, combinado à madeira, ao couro e às fibras naturais”, pontua José Airton.

 

“A presença de Sérgio Rodrigues, e de tantos outros artistas, arquitetos e designers que participaram da implementação da cidade, é indissociável da história de Brasília como cidade modernista. Por isso, cada vez mais, se faz necessário todo o esforço para a preservação da memória desses nomes pioneiros e suas obras”, aposta.

 

Conheça a obra completa:

Sergio Rodrigues Atelier — Concepção do Mobiliário Original

Acesse catálogo oficial

 

Sergio Rodrigues em Brasília:

Teatro Nacional Cláudio Santoro: as poltronas originais amarelas na Sala Martins Pena, de 1966; e as poltronas verdes da Sala Villa-Lobos, de 1981.

 

Palácio do Planalto (salões nobres, mezanino, salas de espera, gabinete presidencial e salas de trabalho da Presidência da República):  poltronas e bancos Vronka, de 1962; poltronas Beto, de 1958; cadeiras Tião, de 1959 e poltronas Navona, de 1960 e cadeiras Kiko, de 1964).

 

Brasília Palace Hotel (móveis que existiam antes do incêndio de 1978 ou atualmente locados no Museu Vivo da Memória Candanga): mesas para os salões e poltrona Stella, de 1956.

 

Palácio Itamaraty (saguões dos gabinetes, gabinetes de ministros e terraço): mesas e bancos Eleh, 1965; mesa Itamaraty, de 1960, cadeiras Kiko, de 1964, poltrona Oscar, de 1956; e grandes expositores em jacarandá e vidro, de 1962.

 

Palácio da Alvorada (salas de reuniões): uma variação, feita pela OCA de Sergio Rodrigues, da cadeira Cantu, de 1959.

 

Câmara dos Deputados: sofás e poltronas Beto, de 1958; poltrona Oscar, de 1956; cadeiras Tião, de 1959; mesa Rangel, de 1965; mesas Vitrines, de 1958 e estantes variadas.

 

Cine Brasília: as poltronas originais de 1976.

 

Há ainda mobiliário espalhado por ministérios e até residências da cidade.

 

Mobiliário de Sergio Rodrigues para a Universidade de Brasília

Arquivo Pessoal

Onde: Museu de Arte de Brasília (SHTN, trecho 01, Vila Planalto polo 03, Lote 05)

Visitação: De quarta a segunda, das 10h às 19h.

Sexta-feira (18.3), às 17h, lançamento do livro da mostra. Distribuição gratuita acesse a leitura online (baixe aqui).

Em cartaz por tempo indeterminado.

Entrada Franca.

 

Assessoria de Comunicação da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Ascom/Secec)

E-mail: comunicacao@cultura.df.gov.br