Texto: Lúcio Flávio/Edição: Guilherme Lobão (Ascom Secec)
16/12/2020
09:11:00
Foram mais de 30 anos longe das câmeras, desde a realização do documentário “Brascuba” (1987), uma coprodução entre Brasil e Cuba, até o lançamento de “A Idade da Água” (2018). Nesse intervalo, o cineasta, roteirista e jornalista Orlando Senna se dedicou à formação de novos diretores, escrita de roteiros e assessorias. Nos últimos dois anos finalizou um projeto para a televisão paga, “Sol da Bahia”, sobre a Guerra de Independência do Brasil, e o drama “Longe do Paraíso”, com a qual concorre na Mostra Oficial do 53º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, em exibição nesta quarta (16), às 23h, no Canal Brasil. Dos seis concorrentes, é a única ficção em competição.
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Como assistir ao 53º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro
“Fiquei surpreso e, ao mesmo tempo, contente pelo fato de o Festival de Brasília abranger o cinema como um todo, sem a dicotomia, ficção/documentário”, comenta o veterano cineasta de 80 anos (foto). “Sempre fiz filmes híbridos, com exceção dos trabalhos em que participei como roteirista ou dirigidos por outros cineastas”, lembra. É verdade. Uma prova concreta desse estilo de criação está no marco “Iracema – Uma Transa Amazônica”, dirigido a quatro mãos, nos anos 70, com Jorge Bodanzky.
Em “Longe do Paraíso”, Senna decidiu “ficcionar” tudo, trabalhar com atores profissionais, apoiar-se em uma grande equipe e não se afastar muito do roteiro. Na trama, o mito bíblico de Caim e Abel é misturado com a realidade dos camponeses no interior da Bahia, onde líderes são assassinados; o choque com os grandes proprietários de terras, intenso; a impunidade, latente; e o descaso das autoridades, evidente.
“Quis fazer uma experiência comigo mesmo. E aí vem a surpresa. O filme foi selecionado para concorrer com documentários! Achei uma maravilha. Tudo é cinema, filme é filme e ponto final”, resume. “No Brasil, os assassinatos desses líderes crescem dia a dia e, em sua maioria, os pistoleiros são ex-camponeses que se perderam na vida. É com essa história que pretendo comover as pessoas e acho que o filme pode conseguir isso”, torce.
No elenco, além de nomes consagrados da cena baiana, como Heraldo de Deus, Sonia Dias, Bertrand Duarte e Caco Monteiro, há participação da cantora Emanuelle Araújo, que divide as telonas com o estreante Ícaro Bittencourt. “Minha expectativa com relação à premiação de 2020 é que, mesmo on-line, o Festival de Brasília sairá fortalecido como o mais importante evento artístico-político do cinema brasileiro”, defende.
Assessoria de Comunicação da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Ascom/Secec)
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