Texto: Lúcio Flávio/Edição: Guilherme Lobão (Ascom Secec)
20/12/2020
15:36:00
Uma carta deixada por um negro escravizado no final do século 19, em Salvador, antes de cometer suicídio, em protesto a sua condição, é o ponto de partida para o documentário “A Morte Branca do Feiticeiro Negro”, de Rodrigo Ribeiro, um dos destaques da Mostra Oficial de Curtas do 53º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (FBCB), em streaming no Canais Globo.
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Como assistir ao 53º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro
A produção, de Santa Catarina, é exibida na mostra justamente em momento crítico da realidade brasileira, quando ainda se discute e persiste a questão do racismo e preconceito no País. “Fazer parte de um festival histórico como o de Brasília é uma enorme satisfação, inegavelmente. E poder levar às telas este filme, por conta de seu recorte temático, se faz mais especial ainda”, destaca o cineasta. “É um projeto que surge a partir de um sentimento de incômodo que eu, enquanto cidadão e realizador negro, senti em compartilhar. É imperativo ressaltar: a escravidão é a maior tragédia da história do Brasil”, pontua.
A morte Branca do Feiticeiro Negro
O título poético e, ao mesmo tempo, de impacto, é uma referência ao livro do professor e sociólogo paulista Renato Ortiz: “A Morte Branca do Feiticeiro Negro: Umbanda e Sociedade Brasileira”, obra que o diretor, Rodrigo Ribeiro, afirma ter “parentesco de alma” com seu projeto. A dureza dessas memórias do passado escravista brasileiro é amenizada na tela, com lírico ensaio visual permeado por sons fantasmagóricos e imagens de arquivos contundentes, proposta do cinema de invenção.
“Se na obra literária é relatado um processo externo que leva ao branqueamento de uma religião de matriz africana, no filme, a lógica opera ao inverso, num processo de dentro para fora, onde se dispõe a refletir a partir da perspectiva do indivíduo negro e sua subjetividade”, filosofa o cineasta. “E a brutalidade dos tempos presentes só intensifica a necessidade de se contarem histórias marginalizadas e apagadas, que sempre estiveram à sombra dos registros oficiais”, defende.
Assessoria de Comunicação da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Ascom/Secec)
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