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4/05/23 às 12h39 - Atualizado em 5/05/23 às 10h42

Brasília recebe jornadas sobre preservação do concreto

 

Texto: Alexandre Freire / Edição: Giselle Chassot (Ascom/Secec)

 

 

Com o apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), especialistas em patrimônio e engenharia vão se debruçar sobre a saúde dos monumentos e prédios tombados de Brasília em maio. O evento Jornadas Científicas Icomos França-Brasil vai debater o assunto “manutenção e restauração do patrimônio em concreto” em dois momentos neste mês.

 

“O evento será uma oportunidade de capacitação e sensibilização de entes do setor público e privado, visando melhor articulação, troca de conhecimentos e união de esforços para a preservação do patrimônio edificado. A discussão desse tema nas oficinas previstas também quer estabelecer duas ou três ações prioritárias e exequíveis no período de um ano”, explica Beatriz Couto, arquiteta e urbanista da Subsecretaria do Patrimônio Cultural (Supac) da Secec.

 

“A grande questão que motivou esse evento é a necessidade de juntar forças para a preservação preventiva e conservação”, sintetiza Beatriz, que  também é especialista em Gestão do Patrimônio Cultural, tem mestrado em Planejamento Urbano e 16 anos de atuação na Diretoria de Preservação (Dipres) da Supac.

 

A responsável pela Dipres Aline Ferrari lembra que a Secec é responsável pelas recomendações normativas na preservação e manutenção do patrimônio material, conforme prevê a Lei Orgânica da Cultura (Lei nº 934, de 2017). “Daí a importância de um evento do Icomos [Conselho Internacional de Monumentos e Sítios, braço técnico da Unesco]  na capital federal. Brasília está envelhecendo e precisa ser cuidada”, observa.

 

Carta de Veneza

Imagem da Praça da República do alto, mostrando desgaste nas estruturas do museu

Foto: Caio Marins

 

O Conselho é uma associação civil não governamental com sede em Paris, fundado em 1965, como resultado da assinatura da “Carta de Veneza” um ano antes. A Carta é um dos documentos básicos da conservação patrimonial. O Icomos é o órgão responsável por propor para a Unesco os bens que merecem se tornar Patrimônio Cultural da Humanidade, como aconteceu com Brasília em 1987.

 

Evidência para a fadiga de estruturas da capital federal, de 63 anos, foi dada pela queda, em 2018, de parte da estrutura do viaduto no Eixão Sul, próximo à Galeria dos Estados. Relatório do Sindicato de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco), sete anos antes do colapso, já alertava que algumas construções na capital precisavam de manutenção urgente.

 

Couto explica que o cuidado patrimonial se equilibra sobre dois pilares. À preservação cabe o tombamento e a produção de instrumentos técnicos, como diagnósticos do estado de conservação, que são ações de gestão. O outro sustentáculo, da conservação propriamente dita, demanda intervenções periódicas nos edifícios e no que a engenharia chama de “obras de arte”, construções especiais, como pontes, viadutos e outros. A servidora do estado atribui a ênfase de governos nas grandes obras de restauração, que geram mais ônus, ao fato de que isso aparece mais para o eleitor do que as ações de conservação preventiva rotineiras.

 

Trocas

Para a representante do Icomos no Distrito Federal, Yara Regina Oliveira, as jornadas vão permitir a troca de conhecimentos sobre o concreto entre dois países que têm monumentos e edifícios desse material, além de colocar lado a lado conhecimentos acadêmicos, representados pela Universidade de Brasília (UnB), e empresariais, pelo Sindicato da Indústria da Construção (Sinduscon). Várias entidades, como o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) vão integrar o esforço de diagnóstico dos monumentos da capital.

 

“As empreiteiras que foram tão importantes na construção da Brasília podem agora mostrar trabalho também na preservação e conservação desse patrimônio”, espera Oliveira, formada pela UnB em 1982 e atuante em ações patrimoniais desde então.

 

As Jornadas começam no dia 8 de maio, com palestra do professor português Humberto Varum, que abordará o comportamento do concreto nas condições climáticas do Planalto Central, onde a amplitude térmica leva o material a suportar, em 12 horas uma variação de 6º a 24º centígrados nessa época do ano, por exemplo. E é esse material que dá sustentação à maior obra arquitetônica mundial do século passado, Brasília.

 

O pesquisador português também vai trazer reflexões sobre a questão dos sismos – abalos causados por impactos de frequência, vale dizer, repetitivos – que podem ser causados tanto por movimentos geológicos, como pelo martelar na construção civil das fundações de edificações e a influência do ir e vir de automóveis e ônibus pelo Plano Piloto.

 

Depois dessa palestra como evento preparatório, um segundo momento das Jornadas acontece para o público especializado entre 22 e 26 de maio. Haverá uma oficina sobre “Desafios e potencialidades da gestão da conservação do patrimônio edificado de Brasília” e outra sobre “Diagnóstico e avaliação do estado de conservação do patrimônio construído em Brasília”.

 

O encontro técnico ainda abriga seminários e palestras sobre o concreto do ponto de vista histórico, da preservação-conservação e de movimentos tectônicos. Visitas técnicas e intervenções no patrimônio também estão previstas. Está programada uma fala do subsecretário de Fomento e Incentivo Cultural da Secec João Moro sobre mecanismos de financiamento para ações de preservação e conservação.

 

Serviço

Jornadas Científicas Icomos França-Brasil

8 de maio e 22 a 26 de maio

Inscrições até 09/05/2023: https://www.even3.com.br/concretojornada2023/

 

Assessoria de Comunicação da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Ascom/Secec)

E-mail: comunicacao@cultura.df.gov.br