Texto: Alexandre Freire/ Edição: Sérgio Maggio (Ascom Secec)
19/4/2022
11:47:01
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A poesia pode ajudar as pessoas a encontrarem os caminhos? A exposição “Poema em cartaz”, aberta ao público a partir desta quarta-feira (20.4), na Biblioteca Nacional de Brasília (BNB), sugere que sim. A mostra, uma homenagem ao aniversário de 62 anos da capital, trará dois poemas de 13 escritores e escritoras da cena candanga. Os textos ganharam programação visual inspirada nas placas de sinalização de trânsito da cidade, uma das marcas de Brasília.
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“A poesia não tem forma nem suporte. Ao ocupar as placas de sinalização, voa para outras formas de apreciação”, diz o secretário de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues.
O curador da exposição, Newton Lima, pedagogo de formação e servidor lotado na BNB, fez um levantamento dos poetas cujos trabalhos dialogam com a capital e teve de limitar o número de escolhidos em razão do espaço para afixar os cartazes, no segundo andar da biblioteca. “Acho que a pesquisa ficou interessante e com o jeito da cidade”, acredita.
O professor de arte e designer gráfico Aloísio Lima (sem parentesco com o curador; “só poético”, brinca) conta como surgiu a inspiração para o projeto dos cartazes. “Poderia ilustrar cada poema com as próprias referências textuais nas obras, mas decidi ir por um caminho mais conceitual e trazer algo mais gráfico que ilustrativo, homenageando a cidade”.
Aloísio então se lembrou da sinalização de trânsito da capital, sobretudo, os totens criados em 1976 pelo arquiteto e designer Danilo Barbosa, formado na Universidade de Brasília (UnB), que obtiveram em 2012 o reconhecimento internacional, passando a fazer parte do acervo permanente de arquitetura e design do Museu de Arte Moderna – MoMA, de Nova York. “Ficou óbvia a relação entre a estética proposta pelo design nas placas da cidade e os poemas que desenham visualidades locais muito características de Brasília”, acredita o autor da programação visual da exposição.
“‘Poema em Cartaz’ veio da ideia de os poemas pularem dos livros para os cartazes, no intuito de propiciar ao leitor uma experiência visual de imagens, típica do momento que vivemos. A velocidade tecnológica no mundo funciona por meio de imagens e sinais. Nos 1980, foi comum também levar a poesia para os cartazes por meio da serigrafia”, complementa Newton.
“MEU LUGAR”
A mineira Basilina Pereira, que reside em Brasília desde 1983, teve dois poemas escolhidos para a mostra. Além de poeta, é professora aposentada e advogada. Com três filhas e quatro netos, titulou seus textos “Brasília, Minha Casa” e “Meu Lugar”. “Foi difícil amar Brasília, confesso./Seu jeito de princesa pós-moderna,/tão longe da minha pequena cidade!”, declama o primeiro. “Meu Lugar” psicologiza os sentimentos que vêm de outros sonhos felizes de cidade, como reza outro poeta:
“Não quero me acostumar ao deserto de emoção
que me ronda o fim da tarde.
Tento adiar o pôr do sol,
para que a noite não se faça mensageira do escuro
e o meu lugar possa ser, de novo,
aquele oásis que criei para o meu refúgio.”
“Meu processo criativo é bem natural. Quando me sento para escrever, parece que uma janela se abre… são momentos de intenso prazer, em que a palavra colore meus horizontes e eu vou mesclando a realidade a ficção. Para mim, a poesia é isso: encantamento”, descreve ela.
EXPOSIÇÃO “POEMA EM CARTAZ”
2º andar da Biblioteca Nacional de Brasília
19/4 a 31/7.
Setor Cultural Sul – SCTS Lote 2 Ed. Biblioteca Nacional de Brasília
Telefone: (61) 3325-6257
E-mail: bnb@cultura.df.gov.br
Horário de funcionamento:
Segunda a sexta-feira: 8h às 20h
Sábado e domingo: 8h às 14h
Assessoria de Comunicação da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Ascom/Secec)
E-mail: comunicacao@cultura.df.gov.br