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Teatro Nacional Claudio Santoro

 

STATUS: equipamento em reforma, fechado para visitação.

 

Fachada do Teatro Nacional com o céu bem azul ao fundo

Foto: Júnior Aragão

 

 

HISTÓRIA

 

As obras de construção do Teatro Nacional começaram em 30 de julho de 1960, poucos meses depois da inauguração da Capital. A estrutura ficou pronta em 30 de janeiro de 1961, mas as obras foram interrompidas por um período de cinco anos, sendo retomadas parcialmente em 1966 para a inauguração da Sala Martins Pena.

 

Do traçado original de Niemeyer, o projeto adaptou-se às dificuldades e necessidades que surgiram ao longo dos seus mais de 20 anos de obra. A estrutura foi calculada pelo engenheiro Bruno Contarini. Em sua construção, foram utilizados 16.000m³de concreto e cerca de 1.600 toneladas de aço.

 

Nos primeiros dez anos de Brasília, o espaço vazio da pirâmide serviu para diversas funções, como campeonato de vôlei, missa do galo, espaço para alistamento militar, bailes de carnaval e concurso de beleza.

 

Após dez anos de atividade, a Sala Martins Penna foi fechada em 1976 para as obras de conclusão do Teatro Nacional, realizadas sob direção do arquiteto Milton Ramos. O teatro foi reaberto em 6 de março de 1979, com todas as salas concluídas, mas vários problemas técnicos fizeram com que novas obras fossem executadas a partir de novembro do mesmo ano. Nesta última etapa, foi construído o Anexo do Teatro, para abrigar a administração, a sede da Fundação Cultural (atual Secretaria de Estado de Cultura), salas de ensaio e galerias. Finalmente, no dia 21 de abril de 1981, a obra do Teatro Nacional foi oficialmente concluída e entregue à população de Brasília.

 

Entre os grandes nomes da música, da dança e do teatro que se apresentaram no Teatro Nacional Claudio Santoro, destacam-se Mercedes Sosa, Astor Piazzola, Yma Sumac, os balés russos Bolshoi e Kirov, o balé da Ópera de Paris, e, entre os brasileiros, Paulo Autran, Fernanda Montenegro, Dulcina de Moraes, Glauce Rocha, Ziembinski, Márcia Haydé, Márika Gidali e o balé Stagium, Grupo Corpo, João Gilberto, Caetano Veloso, Maria Bethânia e praticamente todos os principais nomes da música popular brasileira.

 

NAUGURADA POR CACILDA

Cacilda e Walmor em “Moeda Corrente”

Em abril de 1961, a companhia Teatro Cacilda Becker, dissidente do TBC (Teatro Brasileiro de Comédia), aterrissou na novíssima capital da República com a missão de inaugurar simbolicamente o Teatro Nacional, mais precisamente o espaço que, depois, viria ser a Sala Martins Pena (inaugurada oficialmente em 1966).  Traziam três peças no repertório.

 

Quando chegaram, um susto. O teatro não tinha nem as poltronas, estava com os tapumes em volta. Não havia vidros, nada. Cacilda perguntou como aquele espaço seria inaugurado. ”

 

“De repente, vieram 50 homens com vassouras, um formigueiro, que trabalhou dia e noite”, contou a maior atriz brasileira daquela época.

 

Em 21 de abril de 1961, primeiro aniversário da capital, Cacilda Becker e Walmor Chagas apresentaram “Em Moeda Corrente”, espetáculo de Abílio Pereira de Almeida sobre o tema corrupção, em meio a ruídos externos da construção do Teatro Nacional.

 

Estudantes e operários encheram o espaço para ver aquela que era a principal atriz dos palcos na época. A biógrafa da atriz, Maria Thereza Vargas, conta que Cacilda fez questão de convidar todos os operários da obra. Ela estava feliz neste dia,

 

“Havia infiltração de ruídos e a acústica estava péssima, mas Cacilda e o elenco seguraram. De repente, faltou energia e o público não saiu do lugar”, lembra-se Thereza.

 

Faltou luz no meio da peça e a narrativa seguiu à luz de velas. O público estava encantado com esse negócio de teatro. A luz não demorou a voltar e a peça foi retomada segundo as manifestações de exclamações e risos. Uma das cenas mais ovacionadas era a que a personagem de Cacilda se ajoelhava aos pés do marido (vivido por Walmor) e clamava para que ele aceitasse a propina.

 

“Nesta hora, a plateia ria e chorava ao mesmo tempo.  Era grotesco e lírico”, escreveu o crítico Décio de Almeida Prado.

 

Na cidade, com elenco formado ainda por Fredi Kleemann, Kleber Macedo e Alzira Cunha, Cacilda também apresentou “Pega-fogo”, um dos maiores sucessos da atriz, e “Protocolo”. Daqui, foram para turnê em Goiânia.

 

A voz de Cacilda foi a primeira a ecoar na Sala Martins Pena. Depois, a sala caminhou para abrigar espetáculos nacionais e estrangeiros, ganhando, com o tempo, a vocação de ser uma casa das artes gestadas no Distrito Federal. Enquanto a gigante Sala Villa-Lobos abrigava grande produções, a Martins Pena tornou-se um palco mais candango para música, dança, ópera e teatro.

 

ESTRUTURA

O Teatro Nacional Claudio Santoro (TNCS) foi projetado em 1958 por Oscar Niemeyer, com colaboração do pintor e cenógrafo Aldo Calvo, para ser o principal equipamento cultural da nova capital do Brasil. Chamado inicialmente de “Teatro Nacional de Brasília”, a partir de 1989 passou a se chamar oficialmente “Teatro Nacional Claudio Santoro”, em homenagem ao maestro e compositor que fundou a orquestra do Teatro em 1979 e dirigiu-a até sua morte em 1989.

 

Localizado no Setor Cultural Norte, próximo à Rodoviária, é um marco do Eixo Monumental e o principal equipamento cultural de Brasília. O Teatro Nacional possui 46 m de altura, 136 m de lateral, 95 m na fachada oeste, 45 m na fachada leste e 50 mil m, o Teatro Nacional Claudio Santoro possui 46 m de altura, 136 m de lateral, 95 m na fachada oeste e 45 m na fachada leste. Tem a forma geométrica de uma pirâmide sem ápice e ocupa uma área de cerca de 43 mil m², incluindo o Anexo. Sua área externa é revestida por um painel formado de blocos de concreto nas fachadas laterais, criado por Athos Bulcão em 1966.

 

O painel é o maior exemplar de uma obra de arte integrada a uma edificação no Brasil, medindo 125 metros na base maior por 27 metros de altura. Segundo Athos, essa era a sua obra favorita. Oscar Niemeyer disse-lhe que o Teatro Nacional precisaria ter um aspecto sólido, pesado, e ao mesmo tempo leve. Buscando solucionar tal oposição, Athos criou séries de paralelepípedos com cinco formas variadas que, dispostos nas paredes laterais inclinadas, proporcionam a sensação de leveza com a luz do sol e de peso com a sombra, de regra e liberdade, adquirindo movimento cíclico ao longo do dia. Por isso, o relevo é chamado de “O Sol faz a festa”.

 

O TNCS é integrado pelos seguintes espaços:

 

Sala Villa-Lobos

Inaugurada em 1981, a sala Villa-Lobos é a principal sala do Teatro e a única sala de ópera e ballet da cidade. Com capacidade de 1.407 lugares, sua área possui um palco de 450 m², com 17 m de abertura e 25 m de profundidade, além de 2 elevadores, 7 camarins e salas de ensaio.

 

Foyer da Sala Villa-Lobos

O Foyer é composto pelo piso do acesso principal do Teatro, entre os níveis superior e inferior da Plataforma da Rodoviária, com mezanino, sob a fachada oeste do edifício, e dá acesso à Sala Villa-Lobos e à sala Alberto Nepomuceno. Além da escada helicoidal que leva ao mezanino, uma obra de arte em si, ainda integram o Foyer obras de Alfredo Ceschiatti, Mariane Perreti, Athos Bulcão e os jardins de Burle Marx.

 

Sala Martins Pena

Fundação Athos Bulcão

Inaugurada oficialmente em 1966, possui capacidade de 407 lugares, palco de 235 m², com 12 m de abertura e 15 de profundidade, 1 elevador e 15 camarins. No foyer, conta com painel de azulejos de Athos Bulcão e é bastante utilizada para exposições. Possui um busto de Ludwig Van Beethoven, doado pela Embaixada da Alemanha. Destina-se a saraus, performances, lançamentos de livros, coquetéis e exposições, com área de 412 m².

 

Um dos destaques da Sala Martins Pena é a obra “Painel Acústico”, de Athos Bulcão, localizada na parede direita (visão do palco). A obra é formada por 23 conjuntos de quatro peças de madeira envernizada, fixadas no topo da parede, dispostos em alturas variáveis. A obra tem uma variação contínua de altos e baixos relevos e é de 1978. O estudo de cores dos estofados, carpete e cortinas é assinado pelo artista.

 

Foyer da Sala Martins Pena

Conta com painel de azulejos de Athos Bulcão e é bastante utilizado para exposições. Possui um busto de Ludwig Van Beethoven, doado pela Embaixada da Alemanha. Destina-se a saraus, performances, lançamentos de livros, coquetéis e exposições, com área de 412 m².

 

Sala Alberto Nepomuceno

Inaugurada em 1979, tem capacidade de 95 lugares, palco de 14 m² e camarins. Sua entrada também se dá pelo Foyer da Sala Villa-Lobos.

 

Espaço Cultural Dercy Gonçalves

Projetado originalmente para ser um restaurante panorâmico, que chegou a funcionar por pouco tempo, o Espaço foi inaugurado em 2000 com a presença da própria Dercy Gonçalves. Tem 840 m², dos quais 500 m² de área útil, com ampla copa e capacidade para 300 pessoas.

 

Anexo do Teatro Nacional

Inaugurado 1981, foi projetado e construído por Milton Ramos, convocado por Niemeyer para detalhar e executar a obra inacabada do Teatro. Com 15 mil m², essa área passou a abrigar a sede da Fundação de Cultura do DF e, posteriormente, da Secretaria de Estado de Cultura do DF.

 

 

A REFORMA

 

 

 

 

 

O CAMINHO DA REFORMA

Em janeiro de 2014, no rastro da tragédia da Boate Kiss, o Teatro Nacional foi fechado por recomendação do Corpo de Bombeiros e do Ministério Público, por não atender a normas de acessibilidade e segurança vigentes. Foram identificados 132 não conformidades. No mesmo ano, a então Secretaria de Cultura realizou licitação e posterior contratação do projeto executivo de reforma.

 

A complexidade arquitetônica do projeto e sua ousadia quanto aos recursos tecnológicos pretendidos resultaram em um orçamento total de mais de R$ 200 milhões. Nos anos seguintes, a crise econômica do país e, em especial, a constatação de uma delicada situação financeira do Distrito Federal  tornaram inviável a realização da obra como um empreendimento único que demandaria a execução do valor integral previsto no projeto.

 

No governo Ibaneis Rocha, avaliou-se que a melhor alternativa seria a adequação do projeto executivo de forma a permitir a realização da obra em etapas, gradualmente, de acordo com a disponibilidade de recursos financeiros. Tal encaminhamento permitiria que, em uma primeira etapa, fosse reaberta a Sala Martins Pena, e em etapas posteriores as Salas Alberto Nepomuceno e Villa-Lobos e o Espaço Dercy Gonçalves.

 

No final de 2019, a Secec captou, junto ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDD) do Ministério da Justiça e Segurança Pública, R$ 33 milhões, que seriam destinados à reforma da Sala Martins Pena. Foi assinado o convênio com a Novacap para elaboração do processo licitatório de obras.

 

Formou-se um Grupo de Trabalho, com um mutirão de técnicos e engenheiros e a presença dos gestores da Cultura e da Novacap. No entanto, a falta de documentos e as inconsistências técnicas no projeto originário desenharam um verdadeiro périplo para entregar o projeto básico para a Caixa liberar o recurso.

 

Foram mais de 400 plantas refeitas, e a equipe atendeu a mais de 2.000 pedidos de ajustes. Com o tempo exíguo e a urgência da reforma, o GDF resolveu desistir, em dezembro do ano passado, do Fundo por meio de distrato e resolver aportar diretamente o recurso para o restauro.

 

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Teatro Nacional Claudio Santoro
Telefone: 3325-6157

supac@cultura.df.gov.br

 

O Foyer da Sala Villa-Lobos encontra-se aberto para visitação e realização de eventos.