Um susto no início da sessão de contação de histórias não foi suficiente para acabar com a alegria dos alunos do Centro de Ensino Fundamental 01 do Cruzeiro.
As contadoras do Grupo Paepalanthus começavam animar a turma quando, na rua em frente à biblioteca do Cruzeiro, um caminhão que carregava um trator rompeu a rede elétrica. Uma explosão foi o que se ouviu de dentro do auditório da biblioteca. A luz acabou, mas não foi desculpa para encerrar a sessão.
A alternativa foi levar a criançada para o hall de entrada. Sentados no chão, a contação de histórias pareceu ficar mais interessante.
Olhares atentos nas contadoras, meninos e meninas com idade média de 9 anos, caiam na gargalhada, ficavam assustados, boquiabertos e, claro, fascinados com tudo aquilo que viam.
As contadoras, todas caracterizadas com figurino e maquiagem apropriados, davam vida a personagens que poucos alunos da rede pública estão acostumados a conhecer.
Letícia de Brito, de 10 anos, disse que ficou encantada. “Adorei as histórias e aprendi muitas coisas legais com elas.”
A participação das crianças não se restringe a ouvir as histórias. Há o momento da interatividade, como na brincadeira com o barbante colorido, que parece ter sido a preferida da turma.
O barbante entra na história da pulga e da lagarta, resumida assim pela aluna Fernanda Queiroz: “elas eram muito amigas. As duas brincavam juntas e um dia até o dia que a pulga se machucou e teve de engessar o braço.”
A contação de histórias é um dos projetos desenvolvidos com recursos do FAC – Fundo de Apoio à Cultura nas bibliotecas públicas do DF com o nome de Biblioteca Viva. A apresentação aos alunos das escolas de ensino fundamental faz parte da contrapartida do Grupo Paepalanthus.
Para a contadora de histórias, Carleuza Farias, o projeto resgata histórias do arco da velha, populares, que demandaram um trabalho de pesquisa e também o resgate da relação de troca entre quem conta e quem ouve. “Essa troca de emoção é o grande lance da contação de histórias, que é a coisa que não tem no filme, então você cria uma relação mais íntima.”
Carleuza conta que ouviu de uma mãe que a filha dela, bem pequena, quando voltou pra escola queria contar pra todos os colegas de tão empolgada que ela ficou.
Carleuza destaca ainda que o projeto tem uma importância maior que é a formação de público, plateia para esse nicho que de certa forma está esquecido nos dias atuais.
MAIS PROJETOS DO FAC NO CRUZEIRO“
Além da contação de histórias, a biblioteca do Cruzeiro tem oferecido os espaços pra vários outros projetos culturais financiados pelo FAC.
Antes do Grupo Paepalanthus, a biblioteca já recebeu o evento musical “Poeirão do Rock”, uma apresentação teatral do “Bloco Musical Existencialista Quântico”. Ainda está por vir a encenação das montagens teatrais “Encantos dos mamulengos”, “O menino que visitou a lua” e “Nas bagagens de Darwin”, além de apresentação de outro grupo musical.
“As apresentações vão acontecer até agosto e a expectativa é que tenhamos outros projetos aprovados pelo FAC até o fim do ano”, disse o gerente de cultura da Administração do Cruzeiro, Rafael Fernandes, para quem o FAC é o principal programa de fomento à cultura do DF.