Brasília reflete, à sua maneira, o que se observa em vários aspectos do comportamento da sociedade brasileira. Como a Capital concentra a multiplicidade das expressões culturais do país – entendidas aqui como atitudes, comportamentos – confere visibilidade a elas e contribui com os gestores, no âmbito do governo e com as lideranças das agremiações, no âmbito da sociedade, para a formulação de soluções que aprimorem os processos produtivos, de divulgação e da oferta adequada dos serviços públicos aos cidadãos, nesses momentos de festa e de alegria.
O moderno padrão das estruturas e dos serviços oferecidos no novo espaço da Passarela do Samba, no Plano Piloto exigirá das Escolas um padrão de qualidade equivalente dos desfiles que justifique a atenção e o apreço do público brasiliense e dos visitantes amantes do samba. O mesmo vale para os Blocos que multiplicaram o público mobilizado nos quatro dias de folia, acima das expectativas do governo e da própria Liga, apresentando novos desafios aos organizadores.
Ampliar e consolidar a participação da iniciativa privada como patrocinadora dos festejos de Momo, na capital da república deve ser um objetivo comum ao Governo do Distrito Federal, às Escolas e aos Blocos. Alcançar esse objetivo passa pelo diálogo qualificado entre os protagonistas na busca de soluções conjuntas, tanto no que toca à definição e organização dos espaços – e do calendário, afinal a produção do Carnaval não se restringe aos quatro dias de folia – quanto da dotação das estruturas necessárias ao conforto e segurança dos foliões e dos moradores das quadras próximas ao percurso dos Blocos.
Em pauta dois temas de uma agenda que vem de longe: a reivindicação antiga das Escolas de Samba demandando o “Endereço”, ou seja, a área permanente para a construção do “Barracão” que fará delas uma referência permanente para suas comunidades, como ocorreu em outros lugares do país. E o espaço permanente para a realização dos desfiles. Esses dois temas se constituem como aspectos centrais da pauta do diálogo entre o poder público e as Escolas. Ao sancionar a Lei do Carnaval, em dezembro último, o governador Agnelo Queiroz assegurou um grau de institucionalização que não havia antes: o GDF pode aportar a primeira parcela dos recursos destinados ao Carnaval no exercício fiscal anterior. Trata-se de uma conquista para a sociedade, para os contribuintes, para os protagonistas do carnaval e para o poder público: porque racionaliza o investimento público, qualifica a confecção dos adereços, fantasias, carros, alegorias, reduz a improvisação e assegura a qualificação cada vez maior de um momento de forte afirmação das identidades brasileiras na capital da república.
Trata-se, a partir de agora, de prosseguir o diálogo entre as instâncias de governo e os protagonistas do Carnaval do Distrito Federal para consolidá-lo como um momento forte dos festejos de Momo no país, trazendo consigo a diversidade cultural de todos os carnavais do Brasil e se afirmando como um apelo turístico para brasileiros e estrangeiros que nos visitam nesse período.
Hamilton Pereira – Secretário de Cultura